RESUMO

A construção civil é um dos setores da indústria com maior impacto ambiental. Paralelamente a esse conceito, é notório também que esse setor tem grande potencial para absorver materiais reciclados das indústrias. A utilização das fibras vegetais na produção de compósitos cimento-madeira apresenta um forte potencial de utilização devido a sua oferta abundante, diversidade, excelentes propriedades mecânicas, são biodegradáveis, renováveis e apresentam baixo custo em relação às fibras sintéticas. Contudo, o uso de fibras vegetais em compósitos de cimento Portland ainda é um grande desafio, pois as características dessas misturas podem ser prejudicadas em virtude da incompatibilidade química do aglomerante com alguns materiais lignocelulósicos presentes na fibra que podem inibir a “pega” do cimento, assim como também por diferentes variáveis presentes no processo de hidratação dessas misturas, quer seja devido a composição química da fibra, tipo de cimento, quantidade de água ou pH. O objetivo geral do trabalho é desenvolver e aperfeiçoar uma metodologia para avaliar a compatibilidade de compósitos produzidos com fibras vegetais e cimento Portland. Para estudar a influência de cada variável na compatibilidade química dessas misturas o presente projeto analisará o processo de hidratação do cimento com fibras por meio de um calorímetro equipado com sensores de temperatura que visam registrar a temperatura durante 48 horas. Algumas variáveis vão ser consideradas, como: o tipo de cimento, a relação água-cimento, o teor de açucares, teor de taninos, teor de celulose, lignina e pH das misturas. A técnica de Difratometria de raio x (DRX) será utilizada para auxiliar na análise dos produtos químicos produzidos ou consumidos na reação de hidratação dos compósitos. O resultado central desta pesquisa é oferecer uma nova forma de avaliar a compatibilidade fibra-cimento, que deverá incluir a proposta de um novo indicador quantitativo que considere as variáveis mais relevantes encontradas no estudo contribuindo assim para estimular novas pesquisas na área de reaproveitamento de resíduos agroflorestais.